sexta-feira, julho 1, 2022
  • Login
A história Online
  • Home
  • Notícias
  • PARCEIROS
    • AGENCIA BRASIL
    • BARÃO DE ITARARÉ
    • BRASIL DE FATO
    • CARTA MAIOR
    • MÍDIA INDEPENDENTE
    • OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
    • REDE BRASIL ATUAL
    • RORIGO VIANNA
    • VIOMUNDO
  • Colunistas
    • Márcio Amêndola
    • Allan Robert
    • Vitor Trindade
    • Leonardo Boff
    • Arney Barcelos
    • Coluna do Kiei
    • Coluna do Tio Marcos
    • Erisvaldo Correia
    • Joselício Junior
    • Ubiratan Kuhlmann
  • SITES RECOMENDADOS
    • ABONG.ORG
    • AÇÃO EDUCATIVA
    • BLOG DO SAKAMOTO
    • CASA DE C. SANTA TEREZA
    • CÍRCULO PALMARINO
    • CONGRESSO EM FOCO
    • DIAP
    • EXPRESSÃO POPULAR
    • FP’ABRAMO
    • INSTITUTO PRAXIS
    • MÍDIA INDEPENDENTE
    • OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
    • PIRATININGA
    • SOCIALISMO.ORG
    • VERMELHO
    • ZEQUINHA BARRETO
Sem resultado
Ver todos os resultados
FATO EXPRESSO
Sem resultado
Ver todos os resultados

“Cidade com desigualdade é um inferno”

Por Redação
10/10/2013
En Especial
0
CompartilheEnvie pelo Twitter

Em entrevista ao Brasil de Fato, Maria Rita Kehl analisa que as contradições nas cidades levam a um desencanto, que está na raiz das mobilizações que tomaram o país em junho

 

Mariana Desidério, de São Paulo (SP)

O principal problema das grandes cidades é a desigualdade social, que faz do mesmo território um espaço distinto para as diferentes classes sociais. As contradições dentro de uma mesma cidade levam ao sentimento de desencanto, que está na raiz das mobilizações que tomaram o país em junho.

A avaliação é da psicanalista Maria Rita Kehl, que é especialista em psicologia social e em psicanálise. Em entrevista ao Brasil de Fato, Maria Rita Kehl relaciona desigualdade, juventude e violência policial.

Maria Rita Kehl
Maria Rita Kehl

Maria Rita Kehl foi indicada pela presidenta Dilma Rousseff, em 2010, para integrar a Comissão Nacional da Verdade, criada para investigar os crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante o regime militar.

Autora do livro “O Tempo e o Cão” (Boitempo), que debate a depressão na sociedade contemporânea, ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise.

Brasil de Fato: Quais os impactos da dinâmica hostil de uma cidade como São Paulo na população?

Maria Rita Kehl – A cidade é uma das invenções mais geniais da humanidade. O que destoa é a desigualdade. O problema é que a cidade onde mora a moça que faz a faxina não é a mesma em que eu moro, embora seja o mesmo município.

Por quê?

A cidade em que ela mora quase não tem calçamento e quando tem é de péssima qualidade. Se o lugar é muito maltratado, as pessoas se sentem mal também. Às vezes o bairro nem é perigoso, mas não tem onde brincar, não tem árvore, não tem sombra e não tem beleza. Cidade com desigualdade é um inferno.

Qual a consequência para a vida das pessoas?

Um sentimento de permanente desencanto, em termos de uma patologia social. Esse sentimento deixa as pessoas sensíveis à injustiça. Não dá para dizer que basta me preocupar com meu umbigo. A cidade é um espaço de sociabilidade. Não sei se todo mundo que foi protestar em junho vive mal. Muita gente que tem carro deve ter ido para a rua, como quem não precisa de saúde pública. E muitos estudantes que vivem em bairros bacanas.

Como você caracteriza essa juventude que foi às ruas?

Uma geração com um sentimento muito grande de desencanto. Vou fazer aqui uma hipótese: foram duas grandes desilusões. Uma foi dada pela imprensa, com as denúncias de corrupção do PT – sem entrar na discussão do que a imprensa fez virar esse caso. A imprensa é muito de direita no Brasil.

E a segunda desilusão?

Os governos petistas diminuíram a desigualdade no que se refere à renda, mas não diminuíram a desigualdade no que se refere aos meios de produção. A pessoa pode melhorar sua renda como operária, em uma grande obra, mas não tem as condições de ser o dono do seu próprio trabalho. Veja que contradição. Promover a igualdade não é só melhorar a renda, mas garantir a autonomia. Essa juventude de agora pode sair desse sentimento de desencanto, que nasceu com essas desilusões. É uma desilusão com a política, não só com o PT.

O que essa juventude tem em comum com os jovens que lutaram contra a ditadura?

No século 20, houve uma relação entre idealismo e juventude, que despertou como força política. A juventude é mais sensível e menos resignada com os problemas do mundo. Agora, está inaugurando a sua vida cidadã. Tem a ideia de que a juventude é nossa esperança, que vai mudar nosso futuro. Não é uma esperança pelo que vai fazer no futuro, mas pelo que faz agora. No futuro, serão adultos e vão estar barrigudos. É hoje que a juventude traz esperança, porque denuncia e não se conforma.

O que você espera desse movimento que tomou as ruas em junho?

A juventude voltou a ser protagonista. Minha preocupa preocupação é como esse movimento com bandeiras muito pulverizadas vai voltar a mobilizar. A questão de voltar o preço da passagem foi uma conquista importante. E daqui pra frente? Quando os sem-terra saírem às ruas, essa juventude vai sair junto? O MST é o movimento mais importante do Brasil. Minha pergunta é: com essa pulverização de muitas causas, é possível uma política que faça alianças e que resulte em uma transformação de mais longo prazo?

O Brasil é um país conservador?

O Brasil tem uma classe patronal injusta, que não tem vergonha de explorar. Quando a pessoa ganha o Bolsa Família, para tirar a cabeça da miséria, essa classe reclama que aquele dinheiro está saindo do imposto dela. É horrível. Veja o caso da PEC das domésticas. Danuza Leão [colunista da Folha de S. Paulo] escreveu que era justo as domésticas terem horário para trabalhar, mas perguntou como ficaria o direito dos amigos dela de tomar um chá depois das 22h…

O que isso significa?

A pessoa está tão fechada no seu mundo que não se toca. Pensam que doméstica ter hora para dormir tira o direito deles de tomar o chá. É uma alienação muito profunda e sutil. A grande elite não considera o trabalhador com direitos iguais, mesmo após a abolição da escravidão.

Você faz parte da Comissão da Verdade. Como a vida das pessoas é afetada hoje pela falta de acesso à verdade sobre os crimes da ditadura?

A nossa anistia teve condições impostas por quem tinha a força. Não houve uma votação democrática. A gente sente aos poucos os sintomas de não ter havido uma verdadeira reparação da violência e da ilegalidade do Estado. O primeiro sintoma evidente é que a brutalidade do Estado permanece contra os mais pobres. A tortura permanece no Brasil. Só que isso não sai na imprensa, porque quem poderia denunciar tem medo. São as mães dos meninos que estão na cadeia, são as mães dos mortos de maio de 2006.

Os mortos pela polícia após os ataques do PCC?

Em maio de 2006, depois dos ataques do PCC [facção criminosa Primeiro Comando da Capital], a polícia de São Paulo entrou numa ação de vingança. Em uma ou duas semanas, matou mais do que matou na ditadura militar. Foram mais de 400 jovens. Só que as mães têm medo de denunciar. Até hoje tem desaparecidos. A tortura continua, a impunidade da tortura continua e o medo de denunciar a tortura continua. Porque as polícias continuam militarizadas. E em alguns Estados, como em São Paulo, é interesse do governador que continue esse terror que a polícia espalha entre as classes baixas.

Que outros resquícios da ditadura ainda continuam?

O Estado continua autoritário em suas relações com o povo. Se você for em qualquer repartição pública paulista, você será maltratado. Não necessariamente vai ser preso, mas vai ser considerado um cidadão de segunda categoria. Há falta de informação. Não se sabe por que a sua consulta é agendada somente para dali três meses. Não se sabe por que o médico não veio. Não se sabe exatamente para que local você tem que ir. Não te informam direito. Esse autoritarismo, que continua, é cotidiano. É sintoma de 40 anos de ditadura sem reparação.

Quais as consequências da violência nas periferias da cidade?

A principal consequência é o medo. A violência aprofunda o fosso da desigualdade. Se o jovem da periferia participar de uma manifestação na Avenida Paulista, ele não vai ser preso. Mas se fizer uma manifestação lá no Jardim Ângela ou no Capão Redondo, pode ser duramente reprimidos e marcados pela polícia.

O que se espera com o relatório final da Comissão da Verdade?

O que a gente espera é que, quanto mais informação a sociedade tenha sobre esse período, menos se apoie a ditadura. Não podemos esquecer que a ditadura só se impôs porque teve apoio de uma parcela da sociedade. O relatório pode criar uma rejeição profunda à volta de um regime como a ditadura, mesmo de quem nunca sofreu nada naquele período. A gente espera que o relatório vá para as escolas para que até as crianças possam entender.

Tags: Maria Rita KehlMobilizaçõesviolência policial
CompartilharTweetCompartilhar

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  • All
  • Panorama
  • Saúde
  • Meio Ambiente
  • Contraponto
  • Cultura
  • Esporte
Embu das Artes abre inscrições para a IV edição da mostra: “A ESCULTURA AO ALCANCE DE TODOS”
Cultura

Embu das Artes abre inscrições para a IV edição da mostra: “A ESCULTURA AO ALCANCE DE TODOS”

Por Redação
22/04/2022
0
6

A Comissão Organizadora da exposição: “A escultura ao alcance de todos” abre inscrições para a IV edição da mostra de...

Assassinatos no campo em 2021 batem recorde dos últimos quatro anos

Assassinatos no campo em 2021 batem recorde dos últimos quatro anos

18/04/2022
6
Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

Nos apps, a nova face do trabalho infantil

28/10/2021
6
Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

Como o maior escritório de advocacia dos EUA leva a riqueza global para paraísos fiscais

28/10/2021
6
Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

Nova rotina: Trabalho híbrido pode piorar qualidade do sono, diz pesquisador

28/10/2021
6
Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

Nicolelis alerta : “O País está sendo dizimado em múltiplas dimensões”

28/10/2021
6
Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

Agenda ambiental em perspectiva histórica

28/10/2021
6
Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

CPI da Covid aprova relatório que aponta crimes de Bolsonaro durante pandemia

28/10/2021
6
Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

Poderá a Agroecologia alimentar o planeta?

28/10/2021
6
LIVRO ‘FÉ E POLÍTICA’, A HISTÓRIA DAS COMUNIDADES DE EMBU, QUE NÃO TINHA SIDO CONTADA

LIVRO ‘FÉ E POLÍTICA’, A HISTÓRIA DAS COMUNIDADES DE EMBU, QUE NÃO TINHA SIDO CONTADA

23/10/2021
6
Direita sai derrotada da eleição constituinte do Chile neste fim de semana

Direita sai derrotada da eleição constituinte do Chile neste fim de semana

28/10/2021
6
Desmatamento na floresta amazônica causado por mineração ilegal aumenta 90% entre 2017 e 2020

Desmatamento na floresta amazônica causado por mineração ilegal aumenta 90% entre 2017 e 2020

20/05/2021
6
FATO EXPRESSO

Copyright © 2020 Fato Expresso.

NAVEGAÇÃO

  • Home
  • EQUIPE
  • NOTÍCIAS

Siga-nos!

Sem resultado
Ver todos os resultados
  • Home
  • EQUIPE
  • NOTÍCIAS

Copyright © 2020 Fato Expresso.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In