Testemunhas e familiares afirmam que tiro que matou irmã de vice-prefeito de Embu teria partido da polícia
Testemunhas da abordagem da Polícia Civil a assaltantes que resultou na morte da cabeleireira Silvone Aparecida Carvalho, alvo de bala perdida na tarde de sexta-feira, dia 30 de Março, no Jardim Santo Eduardo, em Embu das Artes, e familiares da mulher afirmam que a vítima levou um tiro que poderia ter partido da direção dos policiais. Irmã do vice-prefeito do município, Nataniel Carvalho, o Natinha (PDT), foi atingida quando estava dentro de salão de beleza do qual era proprietária.
Silvone foi ferida próxima à sobrancelha esquerda por bala que transpassou sua cabeça e só parou em uma parede. “Quando o assaltante passava em frente ao salão, a viatura encostou, e um policial desceu atirando. O bandido não chegou a atirar”, conta um morador. O criminoso tinha acabado de roubar uma mulher na “saidinha de banco” da Caixa Econômica Federal na estrada Itapecerica a Campo Limpo, três imóveis antes do salão, que fica na rua Takebe, esquina com a Estrada de Itapecerica a Campo Limpo.
O policial teria atirado ao menos outras seis vezes – o sobrado do salão ficou com uma marca de bala, a casa do lado, com quatro buracos na fachada, e uma residência depois, com um rombo perto da janela do quarto. Outros três criminosos aguardavam o comparsa em um carro do outro lado da via, mas fugiram ao perceberem a aproximação da polícia. O local fica a menos de 400 metros do 36º Batalhão do Jardim Santa Emília e distante apenas 200 metros de uma companhia da Polícia Militar, localizada no Jardim Dom José.
“Foi muito apavoramento da polícia, o tiro que a atingiu transfixou e abriu um grande buraco na parede, é de arma potente”, disse um familiar. Depois de vários disparos, o assaltante foi atingido na perna, mas pelo policial que dirigia a viatura do Denarc (combate a drogas). O bandido foi hospitalizado sem risco de morte. Como envolvia policiais da capital, a ocorrência foi encaminhada ao DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa). A reportagem não conseguiu contato na sexta-feira com o DHPP. Não há informações se as armas dos policiais foram recolhidas para perícia técnica, única forma de comprovar de onde saiu a bala que atingiu a vítima.
No velório, o marido precisou ser amparado ao se aproximar do caixão da mulher; o clima no local era de extrema consternação, inclusive por parte do irmão da vítima, o vice-prefeito Natinha. Silvone, que era muito querida pela comunidade, deixa duas filhas, de 15 e de 8 anos. Chorando muito, a adolescente ficou transtornada ao entrar na sala onde a mãe estava sendo velada. Convictos da autoria do disparo, familiares e amigos só tinham críticas à ação da polícia em um local de grande circulação de pessoas e comércio. O corpo foi sepultado na manhã de sábado, dia 31, no Cemitério Valle dos Reïs, em Taboão da Serra. Um grande número de adventistas participou do velório e sepultamento. As filhas da falecida estudam em um Colégio Adventista da região.
Silvone tinha 37 anos e havia dez mantinha o salão de beleza no local. Ela fazia escova em uma cliente quando foi baleada; levada pela Guarda Municipal ao pronto-socorro do Jardim Vazame, chegou já sem vida. “Ela era muito gente boa. Minha cunhada estava no salão dela quando aconteceu. Ela viu tudo, está arrasada”, disse um amigo da família. “Ela não era de ficar conversando com todo mundo, mas era bem tranqüila”, disse uma vizinha que teve a casa crivada de balas.
(Por Adilson Oliveira – Publicado originalmente no portal ‘Taboão em Foco’)