Em meio a críticas, diretor do HGP diz que é “impossível” a construção de um novo hospital na região
O superintendente do Hospital Regional do Pirajuçara, em conversa recente com o vereador de Embu das Artes, Ney Santos, reafirmou considerar impossível a construção de um novo Hospital Regional para suprir as necessidades da região. Para ele seria mais plausível uma proposta de ampliação do atual HGP, com a instalação de mais leitos, a ser apresentada ao governador Geraldo Alckmin.
A reivindicação por um novo Hospital ganhou força após duras críticas encaminhada pela Câmara de Embu das Artes, onde os vereadores aprovaram Moção de repúdio de autoria do vereador Gilson Oliveira (PT) ao mau atendimento prestado pela unidade instalada em Taboão da Serra, sob suspeita de erro médico recente, que culminou na morte de Gidemilton Novais.
A Moção causou mal estar entre o Legislativo e a direção do Hospital. A SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), responsável pela administração do HGP repudiou a Moção, mostrando estar “indignada pelo ato político a revelia dos fatos”.
Segundo um dos irmãos do paciente levado a óbito, o médico plantonista havia ministrado um remédio e orientou aos familiares que ficassem atentos para que a medicação não fosse trocada pelo médico que o substituiria no dia seguinte (na troca de turnos). Segundo o irmão de Gildemilton, a médica, que ele não soube precisar quem seria, trocou a medicação do paciente levando-o ao quadro de anafilaxia (quando há rejeição à medicação). Gidemilton, que tinha apenas 38 anos, deu entrada ao HGP no dia 8/4 com o quadro de Broncopneumonia e veio a falecer no dia 12 daquele mês.
‘Fatalidade’, no lugar de RESPONSABILIDADE
Em resposta à Moção de Repúdio à SDPM, o Superintendente da Unidade, Dr. Jorge Márcio Santos Salomão, e o Diretor Clínico, Dr. Euladelino Cruz Filho, assinaram Carta Aberta, na qual informaram que uma auditoria interna estabelecida na unidade nada constatou de irregular no caso apresentado. Segundo a nota, os diretores da SPDM trataram de classificar o caso como ‘fatalidade’. “Temos a declarar que casos de anafilaxia e choque anafilático infelizmente podem ocorrer para qualquer paciente, e não existem formas de prevenir tal reação alérgica, caso o paciente não refira previamente possuir alergia a uma determinada substância”, relata um trecho da nota. Estranhamente, os diretores do HGP não citaram porque um procedimento padrão simples, ou seja, um teste alérgico – a simples aplicação subcutânea de pequena quantidade do medicamento antes da aplicação de dose maciça – aparentemente não é prática naquela unidade de saúde.
Críticas em Taboão
Na sessão realizada na Câmara de Vereadores de Taboão da Serra, no dia 7 de maio, novas críticas foram direcionadas ao Hospital Geral do Pirajussara quanto ao seu atendimento. O vereador da oposição ao governo local, Luiz Lune (PcdoB), denunciou que há uma servidora que usa de sua posição na unidade para promover paciente à frente de outros na marcação de consultas. “Nós temos uma pessoa lá chamada Graça, acho que todos aqui a conhecem, que eu acho que ela manda mais que o Nacime por lá (Nacime Salomão Mansur, Diretor da SPDM, gestora do HGP). Ela remarca, marca, passa na frente, só que muitas vezes quando a pessoa é passada na frente, ela está passando uma pessoa que talvez precise muito mais. E toda a cidade sabe da existência dessa Graça lá, que é uma pessoa simples. Mas eu acho um desmando muito grande um Hospital desse tamanho, manter esse tipo de pessoa lá”, acusou o vereador.
Outra vereadora de Taboão da Serra que externou seu descontentamento com a qualidade do atendimento no Hospital Geral do Pirajussara foi a presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Érica Franquini. De acordo com a vereadora, nos dias de agendamento, o sistema de organização da fila é falho na unidade. Para a vereadora, deveria existir um sistema de senhas na organização do atendimento. “Eu levei o meu pai lá para agendarmos uma consulta e havia um aglomerado de pessoas na frente do hospital. Perguntei onde se iniciava a fila e ninguém soube me responder. Quando fui chegando ao guichê de atendimento, vários moradores começaram a nos acusar de ter cortado a fila. Eu fiquei sem saber o que fazer e por fim, voltamos ao final da fila novamente”, disse.
*Alexandre Oliveira.